segunda-feira, 23 de maio de 2011

Jogo de peladeiros é assim...

Ontem à tarde as equipes do São Paulo de Rio Grande e União Frederiquense, de Frederico Westphalen se enfrentaram no estádio Aldo Dapuzzo, em partida válida pela série B do campeonato gaúcho de futebol e empataram em 1X1. Resultados à parte, ontem eu presenciei duas situações, a primeira envolvendo jogadores da equipe adversária e a segunda com o presidente do time da casa. Embora os fatos nada tivessem a ver um com o outro, poderiam ter causado enorme tumulto e incidentes graves.

O primeiro fato ocorreu durante o segundo tempo da partida. Quem mora em Rio Grande e conhece o estádio do São Paulo sabe que aquele lugar mais parece um alçapão, do que um estádio própriamente dito. Esse primeiro fato ocorreu depois do gol do time adversário, quando a torcida do time da casa resolveu "colar" na tela atrás da casamata do União Frederiquense e fazer xingamentos e provocações. Normalmente, os jogadores não dão ouvidos, pois sabem que isso faz parte, mas ontem foi diferente.

Eu, que estava postado com minha equipe do POE logo atrás, nas arquibancadas sociais, ví quando os jogadores do União Frederiquense responderam às provocações jogando água na torcida do São Paulo, molhando quem estivesse alí na tela do alambrado, inclusive uma criança de um ano. Foi o estopim pra que a torcida se enfurecesse e subisse a tela. Rapidamente tivemos que intervir, afastando a torcida e advertindo verbalmente o técnico e os jogadores. Por um bom tempo houve empurra empurra e tivemos que agir energicamente com os mais exaltados.

Mesmo sem consequências mais sérias, por ter sido rapidamente controlado pelo policiamento, a atitude foi reprovável e só serviu para nos dar mais trabalho. Com esta, fica a lição para que, além do árbitro, tenhamos que conversar também com as equipes para regular suas atitudes dentro de campo.

O segundo fato, que ao meu ver poderia ter consequências mais graves, foi após o apito final. Como é de praxe, a Brigada Militar sempre vai buscar o árbitro no centro do gramado e conduzi-lo sob a proteção de escudos ao seu reservado. Pois bem, ontem, após um acordo com a direção do estádio, foi colocada uma corda sobre o túnel a fim de evitar a aproximação da torcida com a tela, pois daquele local costumam jogar objetos na arbitragem.

Ao final da partida, a torcida que estava em grande número começou a deixar o estádio e passar pelo túnel, que estava mais estreito em razão da corda, que seria retirada assim que o árbitro deixasse o gramado. Infelizmente, o presidente do Sport Club São Paulo, Jair Rizzo, num "choque de autoridade" e do meio de toda a torcida, resolveu gritar com os PMs, dando-lhes ordens expressas para que retirarassem a corda, pois a sua torcida queria sair.

Resultado? A torcida se inflamou contra os PMs com xingamentos e palavrões e exaltando a atitude do presidente do clube, ao tempo em que invadiram o local isolado pela corda causando grande confusão. Ou seja, quase deu merda, mesmo, por causa de um inconsequente que pensou que mandava na Brigada Militar.

Assim que a torcida deixou o estádio, me reuní com outro sargento do POE e a oficial que estava de serviço e nos dirigimos à sala da direção onde se encontrava o presidente do clube. Foi duramente advertido pela oficial e pelos Sargentos do POE visto que sua atitude poderia ter prejudicado todo o trabalho da Brigada Militar bem como o próprio clube. Ao final o presidente do clube, já mais calmo, admitiu que se excedera e pediu desculpas ponderando que no momento do fato estava tomado pelo nervosismo.

É necessário que fique claramente definido em reunião com a Brigada Militar e os clubes, o papel de cada um nos estádios. Presidente e diretores do clube não podem agir como torcedores durante as partidas, muito menos tentando interferir em questões que não são da sua competência. Jogadores devem procurar agir somente como jogadores. Se não têm condições de suportar a pressão em campo, devem deixar o gramado e sair, ao invés de responder agressivamente a provocações de torcida.

Segurança nos estádios é de competência exclusiva da Brigada Militar. A esta instituição, através de seus agentes, cabe decidir como e em qual momento devem ser tomadas decisões relativas à segurança durante a partida. A mais ninguém. Que fique o recado.

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