segunda-feira, 2 de abril de 2012

Ação conjunta nas fronteiras

Após operação em São Borja, Brasil e Argentina preparam cerco binacional ao tráfico


Ideia surge após megaoperação que atacou o varejo da droga na Fronteira Oeste na última sexta


Policiais brasileiros e argentinos se reuniram em Santo Tomé, cidade argentina que faz fronteira com São Borja, para estabelecer um cerco binacional ao tráfico de drogas, que, na sexta-feira, recebeu um duro golpe pela chamada Operação Navalha.

A ação, uma das maiores realizadas pela Polícia Civil gaúcha, com a mobilização de mais 600 agentes e delegados, já levou à prisão de 79 suspeitos com a desarticulação de 13 grupos que agiam no município gaúcho, trazendo drogas do Paraguai para o país via Argentina.

O encontro entre policiais brasileiros e argentinos ocorreu durante reunião que contou com representantes de outros países.

— No sábado, estivemos reunidos com o pessoal das polícias do Uruguai, da Argentina e do Paraguai. Repassamos alguns dados para eles. Estávamos com eles lá, no lançamento de uma operação chamada Simultânea. Inclusive havia dois delegados regionais (de Santa Rosa e Três Passos) e de outras áreas de fronteira — disse a Zero Hora Emerson Wendt, diretor do gabinete de Inteligência da Polícia Civil.

Ressalvando que não falaria sobre "questões estratégicas, sob pena de armar o inimigo", o delegado evitou dar mais detalhes sobre a colaboração binacional. Alertou, apenas, para uma preocupação:

— A retomada do tráfico deve ocorrer naturalmente. Vai demorar um pouco, mas vai acontecer. A única questão é que deve haver um trabalho preventivo da Brigada Militar e também a continuidade da operação pela Polícia Civil e pela Polícia Federal, nas fronteiras.

De fato, esse reforço já está ocorrendo. Nesta semana, a polícia de São Borja vai receber reforço para concluir diligências após a prisão dos 79 suspeitos de tráfico de drogas — levados para presídios de São Borja, Uruguaiana e Ijuí. Resta ainda a captura de 16 das 96 pessoas contra as quais foram expedidos mandados de prisão temporária. As prisões terão a duração dos 13 inquéritos, cujo prazo, de 30 dias, começou a correr na última sexta-feira. É possível que o período seja prorrogado por mais 30 dias, em caso de necessidade.

— É possível que haja mais pessoas implicadas — adiantou o delegado Gerri Adriani Mendes, da 1ª Delegacia de Polícia de São Borja, referindo-se ao fato de que há um total de 150 investigados na operação.

Mendes acredita que, pela envergadura da operação, por terem sido desmanteladas 13 facções do crime e porque algumas famílias inteiras estavam envolvidas, o teor da repressão de sexta é preventivo.

— Não posso dizer que não haverá mais tráfico na cidade. Mas sofreu um grande abalo. O tráfico, neste momento, sofreu um duro revés. Vai diminuir. E há um caráter pedagógico por causa do envolvimento das famílias que faziam do tráfico um meio de vida. Passamos o recado de que isso não é meio de vida.

O grupo de presos é integrado apenas por brasileiros, e o delegado acredita que nenhum deles fugiu para o outro lado da fronteira — pelo menos por enquanto. Devem estar escondidos em São Borja e outras cidades.
Entenda o caso
— Mais de 600 policiais de diferentes regiões do Estado se reuniram na sexta-feira para para desarticular 13 bandos responsáveis pelo varejo da droga em São Borja, na Fronteira Oeste.

— A investigação que se estendeu por dois anos revelou como criminosos ingressam com a droga vinda do Paraguai pela Argentina.

— Feita em três comboios com 155 viaturas, a invasão policial chamada de Operação Navalha neutralizou em apenas três horas quadrilhas responsáveis pela venda de cocaína, crack e maconha no município de 61,6 mil habitantes.

— A prisão de suspeitos e a apreensão de bens e drogas são resultado de um trabalho que envolveu agentes infiltrados, câmeras ocultas e escutas telefônicas. A investigação desvendou uma rede criminosa que se apropriou das mesmas rotas usadas pelos chibeiros — contrabandistas especialistas em cruzar o Rio Uruguai que separa o Brasil e a Argentina — para a entrada ilegal de mercadorias.

— Os policiais se reunira, em três pontos de encontro rumo a São Borja. Eles ficaram em Santiago, Itaqui e São Luiz Gonzaga. O local de encontro em São Borja foi uma fábrica de arroz, longe do centro da cidade. Depois de uma madrugada marcada por várias reuniões de orientações, os agentes e os delegados deixaram a fábrica às 6h, para cumprir os mandados.

ZERO HORA

Acusados de tráfico de drogas são identificados e presos

Mais três pessoas acusadas de tráfico de drogas foram presas pela Brigada Militar, nesta semana. Entre os identificados estão dois adolescentes e um homem, de 25 anos. As prisões ocorreram nos bairros Getúlio Vargas e Cibrazém.
Segundo o setor de comunicação do 6º Batalhão de Polícia Militar (BPM), por volta das 10h30min, uma guarnição do Pelotão de Operações Especais (POE) realizava um patrulhamento ostensivo pelo bairro Getúlio Vargas. Quando os policiais militares estavam na rua Um, abordaram um adolescente, de 16 anos. Durante a revista pessoal, foram localizados, em poder do menor, 18 papelotes de cocaína, R$ 20 e um telefone celular.
No mesmo bairro, porém a tarde, por volta das 15h, na rua Cinco, a mesma guarnição do POE localizou outro adolescente, de 14 anos. Após revista, foram encontrados, em seu poder, 25 pedras de crack e a quantia de R$ 33 em diversas notas.

Cibrazém
Ainda no mesmo dia, no final da tarde, por volta das 17h, na rua A, bairro Cibrazém, a guarnição do POE avistou um homem que, ao perceber a presença da viatura, jogou fora um objeto. Os policiais procederam a devida abordagem e constataram que o produto dispensado era um pote plástico, contendo 35 pedras de crack. O homem foi identificado como P.S.F., de 25 anos e com ele foram encontradas a quantia de R$ 64.
Nos três casos, os acusados foram apresentados na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). Após registro, o maior foi recolhido para a Penitenciária Estadual do Rio Grande (Perg), e os adolescentes encaminhados para a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase).
Por Patrick Chivanski
patrick@jornalagora.com.br